ruído

Em muitos ambientes de trabalho, o ruído já virou parte do cenário, o zumbido constante das máquinas, os instrumentos de impacto, os motores funcionando em segundo plano. Para quem está lá dentro cotidianamente, pode parecer normal.

Mas o ruído no ambiente de trabalho é muito mais do que um incômodo: é um agente de risco ocupacional que pode deixar marcas silenciosas, irreversíveis e duradouras.

O que é ruído ocupacional e por que ele é perigoso

Quando falamos de ruído, estamos nos referindo a vibrações audíveis propagadas pelo ar, resultantes de variações na pressão sonora.

O ouvido humano consegue perceber sons entre aproximadamente 20 Hz e 20.000 Hz. Ruídos fora dessa faixa (infrassom ou ultrassom) normalmente não são percebidos, mas os sons dentro dessa faixa, quando excessivos ou contínuos, podem trazer sérios danos auditivos.

No ambiente de trabalho, o ruído ocupacional é aquele nível de som que excede os limites de tolerância previstos em leis como a NR-15, interferindo na saúde do trabalhador e na produtividade.

Ele pode surgir de motores, compressores, ventiladores, processos de usinagem, baterias, marteletes, entre outros.

O problema maior é que os efeitos geralmente aparecem de forma lenta e silenciosa — quando o trabalhador começa a notar zumbido ou dificuldade de escuta, já pode ser tarde.

Estimativas e realidades atuais: um panorama do Brasil

Até 2022, já se sabia que muitos trabalhadores sofriam com perda auditiva por exposição ao ruído. Agora, estudos mais recentes reforçam que o problema persiste e é subnotificado:

  • Em 2023, o Brasil notificou 468 casos de PAIR (Perda Auditiva Induzida por Ruído) associados ao trabalho, sendo 86% deles em homens.
  • Entre 2012 e 2021, foram registrados 7.413 casos no país, com predomínio nos trabalhadores da produção industrial.
  • Uma análise recente da região Sul (2019–2023) apontou 837 casos de PAIR.
  • Em outro estudo nacional, mais de 2.200 casos foram identificados, com destaque para o ruído contínuo como causa predominante.

Esses números retratam apenas parte da realidade, muitos casos não são notificados, o que faz supor que a incidência real da PAIR seja ainda maior.

Tipos de ruído e como eles afetam

No ambiente industrial ou comercial, podemos encontrar três tipos principais de ruído ocupacional:

  • Ruído contínuo: é estável, sem grandes oscilações de intensidade. Exemplo: um motor operando por horas seguidas.
  • Ruído intermitente: varia ao longo do dia, aparece e some, ou oscila em intensidade.
  • Ruído de impacto (ou pontual): ocorre em picos intensos e de curta duração, geralmente menos de 1 segundo, como o som de batidas, marteladas ou explosões.

Nestes casos, o limite tolerável pode ser de até 130 dB, mas é um tipo que exige atenção especial conforme a NR-15 e normas técnicas como a NHO 01.

Para ilustrar, situações cotidianas nos mostram a gravidade desses sons:

  • Uma britadeira ou motosserra pode facilmente ultrapassar os 100–130 dB.
  • A buzina de um veículo pode atingir 120 dB.
  • Um show de rock chega a níveis semelhantes (100–120 dB), e em um palco, técnicas de controle acústico são adotadas para proteger os músicos e o público.

Essas comparações ajudam a dimensionar: muitos ambientes de trabalho funcionam com ruídos muito acima do que os ouvidos humanos toleram ao longo de uma jornada.

Os efeitos nos trabalhadores: do temporário ao permanente

Os impactos do ruído no corpo humano são variados e, em muitos casos, silenciosos até que já causem dano:

  • Trauma acústico: ocorre por exposição súbita a ruídos de altíssima intensidade (explosões, barulhos impactantes). Pode causar perda auditiva imediata e irreversível.
  • Perda auditiva temporária: níveis moderados, mas contínuos, podem provocar sensação de abafamento auditivo. Após repouso, pode haver recuperação parcial.
  • Perda auditiva permanente (PAIR): quando a exposição indevida se prolonga sem controle ou proteção, as células auditivas são destruídas de forma irreversível.

Além da perda auditiva, o ruído pode gerar estresse, dificuldade de concentração, perturbações no sono, fadiga mental e até efeitos cardiovasculares.

A perda auditiva é tipicamente neurossensorial e bilateral (afetando ambos os ouvidos) e se desenvolve gradualmente.

Como proteger mais que cumprir norma, preservar vidas

Proteger os trabalhadores contra os danos do ruído exige uma abordagem técnica, sistemática e preventiva. Eis os principais instrumentos:

1. Programa de Conservação Auditiva (PCA)

O PCA (ou Programa de Prevenção de Perdas Auditivas) faz parte do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), conforme previsto pela NR-7.

Ele reúne ações como:

  • Avaliação de risco do agente ruído
  • Medições ambientais e dosimetria
  • Audiometrias periódicas
  • Identificação de trabalhadores em risco
  • Orientação e treinamento
  • Adoção de medidas de controle

2. Medidas de controle técnico (engenharia)

Antes de pensar em EPI, deve-se priorizar medidas coletivas e de engenharia, como:

  • Enclausuramento de máquinas ruidosas
  • Instalação de barreiras acústicas
  • Isolamento de fontes de ruído
  • Manutenção regular de equipamentos
  • Reorganização do layout para afastar trabalhadores de áreas mais intensas

Essas soluções ajudam a reduzir a exposição de forma eficaz.

3. Medidas administrativas

Além das soluções técnicas:

  • Escalonamento do tempo de exposição
  • Rodízio de funcionários entre setores
  • Pausas auditivas (intervalos livres de ruído)
  • Planejamento de jornada para minimizar exposição excessiva

Essas estratégias reduzem a carga sonora que cada trabalhador absorve.

4. Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

Quando a exposição não puder ser totalmente eliminada, o uso de protetores auriculares (plugue, concha ou combinados) é fundamental.

O PCA orienta o tipo de EPI ideal para cada ambiente.
Mas atenção: o uso correto é essencial, mal ajustado ou usado de forma inadequada não protege.

Estudos mostram que, mesmo com EPI, muitos trabalhadores ainda apresentam alterações auditivas.

5. Monitoramento de saúde e audiometrias

Realizar exames ocupacionais auditivos com periodicidade adequada é essencial para detectar alterações precocemente.

Quando identificada alguma perda, há oportunidade de atuar rapidamente, ajustando medidas de proteção e orientando o colaborador.

Além disso, os resultados das audiometrias alimentam o PCA e ajudam a comprovar que a empresa está diligente no cuidado com a saúde auditiva.

Caminhando para a cultura da prevenção

O ruído é um risco invisível, e por isso é tão fácil desprezá-lo. Contudo, ele tem efeitos que podem durar para sempre.

A prevenção é não apenas uma exigência normativa, mas um compromisso com quem constrói o dia a dia da empresa: os trabalhadores.

Se sua empresa ainda não implementou um PCA robusto, faz medições esporádicas ou carece de rotinas auditivas, este é o momento ideal para agir.

Com uma abordagem integrada, engenharia, organização, monitoramento e proteção, é possível manter ambientes mais saudáveis e reduzir significativamente os casos de perda auditiva.

A Paromed está aqui para te ajudar!

Se você, assim como nós, se preocupa com a saúde e o bem-estar dos seus colaboradores, entende o quanto o ambiente de trabalho influencia na produtividade e nos resultados. Transforme a sua empresa com a nossa ajuda, venha saber mais sobre os nossos serviços! Entre em contato conosco

Fonte: Onsafety

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