Burnout vira doença do trabalho em 2022. O que muda agora?

retrato de mulher agarrando a cabeça na mesa perto do notebook aparentemente com burnout

Desde 1 de janeiro de 2022, entrou em vigor a CID 11, nova classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) que oficializa a Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, como “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”. Até então, a síndrome de Burnout era considerada um problema na saúde mental e um quadro psiquiátrico. Além do Burnout, o CID 11 também inclui na lista de doenças o estresse pós-traumático, distúrbio em games e resistência antimicrobiana.

O Burnout é uma doença mental que surge após o indivíduo passar por situações de trabalho desgastantes que, normalmente, envolvem funções que possuem muita responsabilidade, ou até mesmo, excesso de competitividade.

Se partirmos da tradução, “burn” quer dizer “queima”, e “out” quer dizer “exterior”. O significado literal da expressão seria uma “combustão de dentro para fora”. Por isso, esgotamento é a palavra-chave de Burnout.

Segundo dados de uma pesquisa divulgada pela representação brasileira da International Stress Management Association (ISMA), 72% das pessoas do País, ativas no mercado de trabalho, sofrem com alguma sequela de estresse e 32% delas têm sintomas de Burnout. São cerca de 60 milhões de pessoas, se seguirmos a referência da projeção do IBGE.

Portanto, cada vez mais colaboradores e organizações devem ficar atentos aos sintomas da doença.

Quais são os sintomas de Burnout?

Os sintomas variam de fatores emocionais à problemas físicos. Como alguns sintomas podem ser considerados comuns e leves, as pessoas tendem a achar que o Burnout é passageiro. Porém, a piora pode ser rápida e as complicações podem ser evitadas com o diagnóstico precoce e tratamento correto.

É fundamental buscar tratamento assim que descobrir a doença, pois trata-se de uma patologia com grandes chances de se desenvolver para quadros sérios, como a depressão. Por isso, em caso de qualquer desconfiança, é essencial procurar ajuda de um psicólogo ou psiquiatra.

Confira abaixo alguns dos sintomas mais frequentes na saúde do colaborador, detalhados pelo site do Ministério da Saúde:

Emocionais

  • Cansaço mental;
  • Isolamento;
  • Alterações repentinas de humor;
  • Sentimento de derrota;
  • Desesperança;
  • Sentimento de incapacidade;
  • Sentimento de frustração;
  • Negatividade.

 Físicos

  • Dor de barriga;
  • Cansaço extremo;
  • Dor de cabeça;
  • Redução do apetite;
  • Pressão alta;
  • Fadiga;
  • Dores musculares;
  • Alterações dos batimentos cardíacos.

Síndrome de Burnout não é estresse

Primeiramente, o estresse é uma reação fisiológica ocasionada por circunstâncias do dia a dia. E isso o torna diferente do esgotamento profissional, que além de ser um estresse crônico, está ligado diretamente a efeitos relacionados ao trabalho.

O Burnout possui sintomas semelhantes aos da depressão e ansiedade, que já é uma fase mais grave da doença. Isso faz com que haja erros de diagnóstico. Porém, de acordo com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), existem três sinais fundamentais para a distinção:

  • Exaustão: mesmo com férias ou afastamentos, o colaborador continua relatando desgaste);
  • Ceticismo(falta de interesse e indiferença diante dos resultados);
  • Ineficácia(sentimento de desqualificação e improdutividade).

Leia também: Saiba a relação do RH com a Saúde Ocupacional

Como o Burnout acomete sua equipe?

Primeiramente, é importante deixar claro que qualquer profissional está sujeito a desenvolver o Burnout, sendo algumas profissões mais propicias à doença, com por exemplo, jornalistas, policiais, bombeiros, professores, médicos e enfermeiros.

A primeira constatação que podemos fazer do Burnout é que o rendimento do profissional vai cair, o que pode levar ao mesmo efeito em todo o time. Com o sentimento de incapacidade e negação, compromete-se as habilidades e competências do colaborador.

Além disso, há a fase de isolamento, que influencia drasticamente a forma com que as interações de trabalho fluem — ou deveriam fluir.

Veja abaixo alguns contextos que podem desencadear os sintomas nos colaboradores: 

  • Competição acirrada entre os colegas;
  • Cobrança excessiva por resultados;
  • Nível de responsabilidade exigido muito alto;
  • Acúmulo de funções ou tarefas.

A Síndrome de Burnout passa por vários estágios e não se desenvolve de um dia para o outro. É essencial notar as atitudes e desvios comportamentais dos membros da equipe a fim de detectar o mais rápido possível, caso haja algo de errado.

ESTÁGIOS DO BURNOUT

1° ESTÁGIO:

  • Falta de vontade de ir ao trabalho;
  • Diminuição gradual do ânimo ou prazer com o trabalho;
  • Dores genéricas e imprecisas.

2° ESTÁGIO:

  • Início de tensão com colegas de trabalho;
  • Pensamentos neuróticos de perseguição e boicote de colegas e chefe começam a surgir;
  • Faltas ao trabalho e licenças médicas começam a ficar frequentes;
  • Absenteísmo: a pessoa se recusa ou resiste em participar de decisões da equipe.

3° ESTÁGIO:

  • Comprometimento das habilidades e capacidades profissionais;
  • Erros operacionais ficam mais frequentes;
  • Lapsos de memória mais frequentes e atenção dispersiva ou difusa;
  • Doenças psicossomáticas, como alergia e pressão alta, e automedicação;
  • Inicia-se ou eleva-se o consumo de bebidas alcoólicas para amenizar a angústia;
  • Indiferença no trabalho.

4° ESTÁGIO:

  • Alcoolismo;
  • Uso recorrente de drogas licitas ou ilícitas;
  • Enfatizam-se os pensamentos de suicídio;
  • Comprometimento das atividades laborais e afastamento obrigatório do trabalho.

Com o índice geral de bem estar no mercado brasileiro recebendo a nota de 49,25, numa escala de 0 a 100, as empresas brasileiras ficaram abaixo o índice ideal de 78. O levantamento teve mais de 1.600 respostas de funcionários de 335 empresas.

Dependendo da nota, alguns fatores influenciaram positivamente ou negativamente nesse dado geral. A maior nota positiva foi para o relacionamento com colegas, de 74,68. Entre os fatores que afetaram negativamente o bem estar geral, o Burnout aparece como o maior alerta, com os profissionais relatando sintomas de esgotamento.

Outros dois fatores aparecem como avisos para um trabalho mais preventivo. Em segundo lugar, o alto volume de demanda e controle sobre o trabalho tira a autonomia e pode levar a um quadro de Burnout. E em terceiro, o fator de adição ao trabalho mostra o sentimento de sobrecarga em alta entre os profissionais.

O que o Burnout muda na sua empresa?

A mudança na classificação faz a relação do Burnout com o ambiente de trabalho e traz uma interpretação direta e indireta de responsabilidade da empresa sobre a saúde integral dos funcionários.

O reconhecimento pela OMS terá um efeito em processos trabalhistas relacionados ao tema. No caso de o funcionário recorrer à Justiça por causa de esgotamento, a empresa pode ser responsabilizada e até pagar indenização.

Vale ressaltar que a implicação de responsabilidade já acontece, mas pode ser difícil de conseguir.

O que o Burnout muda no âmbito judicial?

Na Justiça, a responsabilização da empresa será avaliada a partir do laudo médico comprovando o Burnout, junto com o histórico do profissional, e uma avaliação do ambiente de trabalho, inclusive coletando relatos de testemunhas.

Em geral, serão coletadas provas de uma degradação emocional e fatores causadores da síndrome, como assédio moral, metas fora da realidade ou cobranças agressivas.

No entanto, é comum que o profissional com o Burnout tenha um histórico de boa performance, que é revertido diante de uma mudança no ambiente, como por exemplo, uma alteração na gestão ou de demandas.

Como sua empresa pode lidar com o Burnout?

Além de falta de engajamento, menor produtividade e/ou perda de profissionais, agora o Burnout ganha mais um fator de risco jurídico e financeiro.

As organizações precisam se posicionar de forma mais proativa nas questões de saúde integral para mitigar os riscos.  Quanto mais rápido a empresa trazer elementos para que todos consigam ter consciência mais rápido e prevenir a doença, melhor para ela!

Muitas empresas possuem ações desestruturadas para lidar com o tema e com pouca ou nenhuma medição de efetividade. Busque mais que uma aula de ioga, espaço de lazer ou uma roda de conversa ocasional sobre saúde mental.

Veja seis dimensões importantes para os profissionais:

  • Ajustar a carga de trabalho:  Delimitação de jornadas e de funções ajudam a proporcionar descanso e equilíbrio;
  • Reconhecer e valorizar: Alimenta a satisfação intrínseca e a motivação central em qualquer tipo de trabalho;
  • Promover equidade: Atitudes e decisões percebidas como injustas despertam cinismo, raiva e hostilidade;
  • Garantir autonomia profissional: Estimular os profissionais para a tomada de decisão os tornam mais engajados;
  • Garantir senso de comunidade: O ambiente deve fomentar uma relação entre colegas de confiança e apoio;
  • Ser fiel aos valores: Foram eles que atraíram os profissionais para aquele trabalho e são a maior conexão deles com a instituição.

Principais benefícios de prevenir o Burnout

Ao implementar um projeto de saúde mental, mais precisamente a conscientização sobre a Síndrome de Burnout na empresa, os benefícios coletados vão ser bem perceptíveis em cada membro da sua equipe, como por exemplo:

  • Redução do índice de absenteísmo e turnover;
  • Colaboradores mais satisfeitos e produtivos;
  • Melhor clima organizacional entre os trabalhadores;
  • Aumento da resiliência e autoestima de todos;
  • Melhor atendimento aos clientes.

De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a saúde mental provoca reflexos também na economia, constituindo causa de afastamento do trabalho e caracterizando muitas vezes a pessoa como incapaz.

Em 2019, os beneficiários de planos de saúde no Brasil realizaram cerca de 29 milhões de procedimentos relacionados ao cuidado em saúde mental, aumento de 167% contra os números apresentados em 2011.

O Mapa Assistencial da Saúde Suplementar mostra que as consultas psiquiátricas por mil beneficiários de planos de saúde subiram 80% entre 2011 e 2019, enquanto as consultas de psicologia por mil beneficiários evoluíram 199% e as consultas e terapia ocupacional também por mil beneficiários subiram 276%. Ainda no período compreendido entre 2011 e 2019, as internações psiquiátricas por 100 mil beneficiários cresceram 152% e as internações em hospital/dia de saúde mental por 100 mil beneficiários aumentaram 383%.

Ações de conscientização para realizar

Primeiramente, o discurso e prática da organização devem caminhar alinhados. Não adianta oferecer diversos conteúdos sobre Burnout se a rotina dos colaboradores é estressante, desmotivadora e desrespeitosa. Em primeiro lugar é preciso ser coerente!

Confira a seguir alguns exemplos de ações sobre saúde mental que podem ser implementadas na sua empresa. Com um bom planejamento fica mais fácil criar essa organização e levantar a discussão no dia a dia.

  • Cursos;
  • Entrevistas midiáticas;
  • Palestras;
  • Workshops;
  • Caminhadas;
  • Meditação;
  • Massagens;
  • Treinamentos;
  • Psicoterapia;
  • Canal de comunicação aberto e seguro;
  • Brindes personalizados;
  • Rodas de conversa.

Confira as soluções da Paromed focadas em Qualidade de Vida no Trabalho

A saúde mental está diretamente relacionada com a Saúde e Segurança do Trabalho (SST), já que todos os profissionais são constituídos de corpo e mente, e todas as suas atuações no ambiente de trabalho partem do que eles pensam e sentem. Por isso, o assunto saúde mental deve ser tratado seriamente, principalmente, pela necessidade do trabalho com a subjetividade do ser humano, pois cada um tem a sua percepção e vivência mental.

Dependendo da resistência de cada pessoa, os problemas mentais, em muitos casos, são bem silenciosos. Por isso, é difícil e necessário tomar medidas que possam evitar consequências graves, como o suicídio.

Conclui-se então, que as empresas devem promover a saúde mental para seus colaboradores e outra forma disso é a campanha Janeiro Branco que promove uma transformação na sociedade como um todo, e com pequenas atitudes no dia a dia, é possível ter muito mais qualidade de vida.

A Paromed pode orientar você

Se você, assim como a Paromed, acredita na importância do avanço na sua empresa e, principalmente, a saúde mental e física dos seus colaboradores, venha conhecer nossos treinamentos de segurança, que envolvem todas as práticas adequadas para um ambiente de trabalho mais harmônico. Nossa equipe já está devidamente treinada e com sistemas enquadrados para cuidar e zelar pela saúde e bem estar de seus colaboradores. Para mais informações, fale com a gente.

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